Falácias. Raciocínios aparentemente válidos, ardilosos estratagemas da predilecção dos sofistas.
É com armas de arremesso deste género que se vai vilipendiando a classe docente, que, por norma e civilidade, não costuma responder à letra. Uma das falácias mais venenosas, li-a, há dias, num qualquer blog. Rezava mais ou menos assim: “Se os resultados escolares são fracos, é porque os professores são incompetentes e, como tal, devemos livrar-nos deles, que tanto dinheiro gastam ao Estado”.
Deverão as pessoas que acreditam neste belíssimo raciocínio não esquecer que o dito processo de ensino / aprendizagem se desenvolve em torno de várias factores e condicionantes, em que o professor é apenas uma entre diversas varáveis. Será pertinente elencar algumas: o sistema de ensino, os programas, as condições materiais da escola, o enquadramento sócio-cultural do aluno, o percurso do estudante e a sua motivação para a aprendizagem. É quase impossível ensinar alguém que não queira aprender.
Quem repete esta falácia, deverá estar igualmente disposto a livrar-se dos médicos, pois, se em Portugal, só os génios o podem ser (veja-se as médias de entrada no curso de Medicina), então, a única explicação é serem, obviamente, incompetentes. Porquê? Pelo facto de continuar a haver muitos doentes e nem sequer serem capazes de fazer com a maioria dos fumadores larguem o vício.
Não enjeitando as responsabilidades que lhe assistem, o professor não pode continuar a desempenhar o pouco glorioso papel de bode expiatório.
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