
Eschermorfoses
Metamorfoses múltiplas
Abrem uma dança reticulada no crepúsculo
Por losangos íngremes
Deixo-me escorregar até às estrelas
Regresso ao límpido xadrez
E atravesso um pântano com as salamandras
Branco e negro degladiam-se no ar
Zumbidos ensurdecedores estilhaçam o dia e a noite
E mergulham nas águas geladas
Peixes hirtos logo se elevam no ar
E voltam ao princípio para morrer
Loucas andorinhas fundem-se em drakkars
Regresso à claridade das trevas
Lá em baixo de novo os lúcios se fazem corcéis
Missivas triangulares adejam nos nimbos anunciando vôos impossíveis
Escamas e penas hesitam-se no lago
Colibris de amanhecer edificam-se na encosta
E descem à cidade mítica
No porto tisnado um tabuleiro se espraia por onde não fomos
Ainda
Sardónico um xeque-mate ri-se em caleidoscópio
Tranças de saudade adormecem em
Múltiplas metamorfoses
Bem-aventurado, Escher, pela viagem que fizemos
Mito, 11 de Outubro de 2004