sexta-feira, dezembro 02, 2005

PUM-PUM, acertei-te!


Um ministério da educação que fustiga os professores na praça pública, que denigre a sua imagem e os menoriza só pode estar a dar tiros no pé.
Podiam falar com a malta, explicar (sim, que não somos estúpidos), apelar para o que entendessem, mas sempre, em benefício do bem geral, mas não, senhor, chicoteiam os ares lá do alto da cadeira com ataques tão soezes como inexplicáveis.
A classe docente é tão numerosa, tão heteróclita e tão diversamente representada por miríades de sindicatos, que nem chega a ter laivos corporativos. Somos tantos e tão diversos que nunca poderíamos estar unidos em torno de um sentimento de classe; tampouco somos impermeáveis às dificuldades que avassalam o querido rectângulo. Sem esquecer que, economicamente há, de facto, professores que estão razoavelmente bem; e outros que estão muito razoavelmente mal. O governo dispara sobre todos uma saraivada de artilharia cega. E prefere chamar a atenção da sociedade para as faltas dos professores ‑ canalhice-mor em dia de greve e manifestações ‑, em vez de criar condições para que elas diminuam ou avançar medidas que atenuem o impacto das respectivas “folgas” nos alunos.
A toda a hora, se alimenta a imagem do professor baldas, incompetente e despropositadamente refilão. Curiosamente, inquéritos recentes demonstram que o professor é uma das profissões com melhor imagem junto da opinião pública.
Quem vem na cauda da credibilidade? Sim, adivinharam, os políticos que nos (des) governam.

1 comentário:

Graça disse...

A tua pontaria anda certeira nestes últimos posts. se bem, que neste caso, em vez de pum, sugiro pim!, à boa maneira de Almada - é que a situação da educação em Portugal, se não fosse tão triste, seria risível.E deixa-me dizer-te que, de facto, sublinhaste algo que nem sempre se sublinha: a hostilidade com que as medidas são implementadas, como se os professores fossem uma classe escandalosamente privilegiada e agora se estivesse a repor a justiça (eu chamar-lhe-ia vingança, penitência, mas adiante). Houve um Senhor Secretário (um verdadeiro Robin Hood) que afirmou que "30 anos de boa vida tinham de acabar", de modo que, perante um "superior" com um desconhecimento tão grande da actividade profissional que "dirige", já nada me espanta...