quinta-feira, agosto 03, 2006

Sentada














Sentada estava ela a flor do campo
Repousando numa memória triste
Fragas dum tempo que já não existe
Vendo a alma fugir num pirilampo

Sentada estava ela a voz da seara
Navegando entre as raízes do fogo
Que sacraliza as pedras desse jogo
De tapas o rosto e eu escondo a cara

Sentado estava eu pensando nela
Vendo-a na planura alentejana
Erguer-se em miragem que não engana
Lançar-se contra os vidros da janela

Sentada estavas tu cega e distante
Tricotando segredos tumulares
Cada falésia que sobrevoares
São feridas vivas deste gigante

Mito (Aljezur, 01-08-06)

1 comentário:

Margarida disse...

Não saberei dizer se é um hino, se é uma balada, mas a verdade é que consigo pensar nesta melodia.