quarta-feira, maio 30, 2007

Matar o tempo

Estou numa biblioteca pública. Nova e com excelentes condições, embora ainda com um acervo em crescimento. Muito espaço, muito claridade, óptima arquitectura, arejada e dialogante, diligentes e afáveis funcionários. Bons sofás em frente de óptimos equipamentos de audiovisual para a fruição de música e cinema. E muitos computadores, com ligação à Internet, claro. Muitos utentes, na maioria, jovens.
Alguns demonstram até algum entusiasmo, murmurando, eufóricos, no limite do civismo. Distraído, rodo o pescoço em busca displicente da origem de tal ânimo. Agora entendo, estão a disputar um daqueles jogos de realidade virtual 3D, em que se empunha uma pistola e se tenta dizimar quem quer que surja pela frente. E lá estão eles, alguns quase homens, de olhos brilhantes e sorriso infantil, clicando nas teclas assassinas. E matam, e matam, e matam, e matam...e matam?


Quem sabe se, um dia, o serão mesmo chamados a fazer?

1 comentário:

Graça disse...

De facto as bibliotecas estão a transformar-se, o que não é censurável, mas não gostaria de entrar numa delas e deparar-me com uma mesa de bilhar, uns matraquilhos, mesas com a malta a tomar umas cervejolas e a cuspir cascas de tremoços. Por enquanto a coisa fica-se pelos jogos, na esperança ingénua de que os jovens resvalem daí para os livros.
Faz-me pena que algumas bibliotecas esqueçam o seu papel na formação cultural.
Excelente post-alerta.